A última vez que sorriste os teus olhos pareciam infinitos prados verdes. Era como se toda a existência se prendesse a ti, nesse olhar fixo no vazio, era como se todos os prados verdes estivessem verdadeiramente nos teus olhos, quando sorriste, para mim! Era como se todas as flores do prado saíssem da tua boca, numa complexidade perfeita, num aroma sedutor que me envolvia e absorvia, que me embalava com notas suaves que saíam das tuas mãos, era como se o teu corpo projectasse a luz que transbordava no horizonte, era como se tu estivesses em todo o lado, mesmo sem te ver, tu sorriste para mim, hoje pintei-te nesta aguarela em que o teu corpo era luz, as tuas mãos eram música, a tua boca eram flores, e os teus olhos prados verdes, fiz o teu retrato, pintei-te com as cores certas, com as formas do amor. Pintei-te outra vez, e outra e outra, e mais uma vez, as que fossem preciso para te sentir perto de mim todas as tardes, quanto mais te pintava mais te conhecia, mais te sentia, mais te amava, quanto mais te pintava mais as minhas mãos se gastavam, mais elas se apagavam, enquanto te pintava, te criava, te formava, eu desaparecia, eu apagava, era como se não pudéssemos coexistir, quando eu te pintava o meu corpo era transparente, invisível para ti, para aqueles que tal como tu só conseguem ver com o olhar, à noite o sol deixava de iluminar o teu retrato, e a lua raiava só para mim, aí eu existia e tu eras um sonho, eu não te via com o olhar, via-te com o coração, assim tu eras o sol dos prados verdes, das flores e dos malmequeres, dos lírios, da música, da luz, do olhar, e assim eu era a lua dos sonhos, das noites, das estrelas, da imaginação, do coração!
A noite era o nosso único refúgio porque o meu olhar, aquele do coração te trazia, os teus olhos eram mais doces que lírios mais verdes que os prados, e eu fechando o teu olhar com as minhas mãos e abrindo-te o coração com um beijo, tinhamos a certeza da perfeição do instante!
Esse instante, o último, a última vez que te pintei, e mais uma vez, e outra vez, até voltar a ser a última vez, e mais uma vez!
5.19.2009
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4 comentários:
Fiquei mesmo sem palavras com esta maravilha :O
Que posso eu dizer?!
É dos teus melhores textos :'D
Ta lindo *.*
adorei, e acho que não há mais nada a acrescentar!
Absolutamente delicioso :D
Obrigado pela visita, pelo prazer de a ter pelo meu humilde recanto. :D
Beijinho Tânia*
adorei mesmo este texto. li pelo comentário em cima que é dos teus melhores, fiquei com vontade de ler mais :)
um beijinho :*
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