6.29.2010

E saiu,

Saí. Sai. Saí daí. Sai daí. Saí de ti. Sai de mim.
Gritei, gritavas. E ainda gritas. Ainda. Peguei-te como quem pega uma criança, delicadamente, mas os meus braços não tiveram a força do mundo e deixaram-te cair. Do chão para o céu. Como em queda livre, a favor da tua alma, contra o teu ser. E contra a força da natureza pouco ou nada se pode fazer. Tentei desesperadamente sucumbir, ao mesmo tempo resgatar-te, a ti e a mim. Não sei que é de ti, de mim pouco resta, o que resta irá juntar-se a todo o resto, esse que levas preso a ti, não sei de mim, nem sei de ti. Sei da vida tanto como sei da morte, nada. Esqueci-me de tudo, à força de tanto querer esquecer. E consegui, juro que consegui. E agora não me lembro quem sou, porque estou, ou porque vou. Sei que me esperas, não sei bem onde, espero que seja um sítio apetecível, tal como o nosso vínculo era. Não sei quem és, e espero nunca o saber, espero conhecer-te e não te reconhecer, amar outra pessoa, sendo a mesma, para mim o meu amor será sempre teu, o nome pode ser outro, mas tu estarás presente, sempre presente, eu prometo. E sejas quem fores, andes por onde andares, ames quem amares, nunca te esqueças de mim, tal como eu, manter-te-ei vivo, à força de te querer esquecer, até esquecer.

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