12.06.2009

Quente ou frio?


4h00 pm, tinha começado a chover lá fora, e a única coisa que a percorria eram as memórias daquela tarde fria e gélida fora das quatro paredes que nunca os denunciaram, o calor que sentia cá dentro era o mesmo calor daquela tarde, era o mesmo porque nunca o esquecera, nunca conseguiu esvaziar-se daquelas memórias, era a única forma de ela o manter vivo, junto dela, e ela não conseguia porque não o queria, não queria que o tempo passasse, um dia nem as lembranças a salvariam da tremenda solidão que a assolava agora.
Ela insistiu sempre em manter as cordas presas a ele. Ele sempre tentou sair. Do coração dela. Mas um amor forte persiste sempre, com a chama mais ou menos acesa, e só termina quando as duas metades assim o entenderem, era assim que ela pensava, e queria pensar. E enquanto tentava não se apagar, estava quente por fora, mas congelada por dentro, nada mais a consumia como ele, que mesmo longe continuava a tirar-lhe todos os sorrisos. E ele sempre gostara do sorriso dela, mas isso era no tempo em que se amavam, um sentimento de esperança tremulou pelo seu corpo, se fosse capaz de sorrir talvez ele fosse capaz de a amar (deixava agora cair uma lágrima) nada a assustava mais do que a ideia de o perder, mas agora que o perdeu nada a assustava mais do que morrer não ao lado dele, mas sozinha.
E insistia para que os seus pensamentos gritassem e batessem à porta dele, ela já não tinha mais forças para o fazer, estava demasiado abatida. Pelo esforço, pelo amor, pela solidão, Pelo frio. Mas uma coisa era certa: o amor dela iria permanecer sempre naquelas quatro paredes, ela iria estar sempre do lado de dentro, à espera que ele aparecesse quando as forças não lhe chegassem para se manter quente, quando o fio lhe transbordasse pelos olhos, quando o amor que ela sentia o destruísse como a solidão que ele lhe dera. Parecia-lhe uma troca justa, solidão em troca de amor.
E enquanto rabiscava o nome dele. Na alma, no coração, embriagava-se com a certeza de que o fim tinha chegado.
E antes que se diluísse pediu como tantas vezes antes "Por favor, não me deixes", que pena, foi o melhor que ele soube fazer.

1 comentário:

Mariana disse...

E enquanto rabiscava o nome dele. Na alma, no coração, embriagava-se com a certeza de que o fim tinha chegado.

é por isso que eu adoro seguir-te :D