12.07.2009

II [des]controlo


As minhas pernas quase rasparam no chão quando hoje passei pela tua casa, deveria ter colocado tudo o que guardo há meses cá dentro como se de tesouros se tratassem na tua caixa de correio, mas como sempre estava selada como o teu coração está, desde que me deixaste, ou será que fui eu que te deixei? Sinceramente não sei, não sei onde te perdi, ou se foste tu que fugiste, e nem me importa, o que importa o fim quando queremos o princípio?
Nunca te escrevi nenhuma carta mas se tivesse escrito acabaria com um “foram felizes para sempre”, e começaria por um “era uma vez”, tenho esta tendência de começar pelos fins, talvez por não terem muito para contar, todos os fins deviam ter um funeral, os fins violentos claro, e deveríamos seguir o luto que merecem, deveríamos ser capazes de expulsar todas as lágrimas num tempo considerado suficiente. E pergunto-me, se ainda te vejo porque continuo sem saber onde estás? Talvez por te ver com o coração, todos os dias, até o resto da minha vida.
Se quisesse escrever-te uma carta será que a irias ler, ou amarrotar e jogar no chão? Mesmo assim arrisquei, espero agora ter a estranha sorte de receber resposta.