11.14.2009

"Porque as feridas só podem ser curadas por quem as originou!"
Ouço as doze badaladas do velho relógio da torre da igreja, tudo está velho, até o som que chega distorcido, quebrado, e começam a desvanecer as batidas, e entro em hipotermia, batem doze badaladas no meu peito, as mesmas que tu ouves mas não sentes, e sinto que te vejo, e vejo que te sinto.
Na água começam a aparecer os teus olhos castanhos, esses que sempre foram o meu pecado, e vejo uma onda com o formato da tua mão estendida, aproxima-se da minha, e vejo-te levares-me para aí, vejo-nos percorrer o mundo num olhar, sinto-me a piscar os olhos, esse acto inconsciente dos humanos, e num milésimo de segundo tu já não estas aí, e vejo-me, e sinto-me cair, uma rajada de vento esbranquiçado envolve-me, e sinto-me sentar junto ao rio, ao longe a ponte sobre o Tejo, igual à distância entre o nosso olhar, nas ondas folhas caídas, secas e mortas, como os sonhos que depositei em ti, que secam e desnutrem sempre que não são alimentados, agora jazem mortos pelo rio abaixo, e nisto fecho os olhos, sinto o ar puro entrar-me, na esperança de ao abrir os olhos não te ver sempre à minha frente, se ao menos fosse verdade, e então recupero a força e arrasto-me até casa, e separo-me do mundo, do teu mundo, e entro no meu, onde tu estás sempre, sempre a deixar-me sozinha, e deixo-me afogar pelas lágrimas, como uma princesa abandonada, num vestido que se sujou pela mágoa e desespero! Mas deixo-me estar, à espera nem sei de quê, de ti! Enquanto transformo as lágrimas em esperança e a solidão num abraço profundo teu, num sonho meu!
Faz quase um ano, um ano a (re)aprender, se é que alguma vez soube, viver sem ti!
Agora a história acabou, não haverá nada mais que contar. Pelo menos da minha parte.

1 comentário:

qu1cksand disse...

Não sei como podes achar isso dos meus textos, se escreves tão bem ou melhor do que eu. Os 'fins' sempre foram o meu ponto fraco no que toca a textos e este não é excepção. adorei :)