2 + 2 = 5

Desculpa-me: a ausência, o silêncio e a revolta.
E se algum dia me desculpares leva contigo tudo, todos os teus traços que me desenham, todas as tuas roupas que me recobrem, todos os teus sorrisos que me alegram, leva contigo tudo, até eu que te pertenço. Leva-me e levem-me todos os que tiverem que me desculpar, e são tantos. Levem-me os que perdi, levem-me os que deixei, levem-me os que magoei, levem-me os que chorei, levem-me todos, mas deixem-me sozinha. Quero ser sozinha. Quero estar sozinha. Levem de mim tudo, tudo o que quiserem, deixem o meu cadáver num porto encalhado de sonhos vazios, de promessas perdidas, de formas invisíveis, de vozes mudas, de visões cegas, de sons surdos. Deixem-me ver o mundo de uma só cor, de olhos fechados. Deixem-me ouvir o mundo, todos os sons do mundo quando tiver perdido a audição. Deixem-me com nada, que é o que necessito. Deixa-me quando me levares, leva-me quando me deixares.

E mesmo assim, nunca me deixes e nunca me leves.
desculpa-me, desculpem-me
aqui 2 + 2 ainda é = 5